Chega de mimimi. Seja o protagonista da sua criatividade.

Artigo publicado na Revista About Shoes, edição de setembro de 2013. 

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Uma epidemia de insatisfeitos se forma nas linhas de produção da vida moderna. O fenômeno não é novo, mas parece que somente agora os profissionais começam a se questionar sobre o que os motiva para o trabalho, e a resposta pode estar mais perto do que imaginam.

Por Arno Duarte

Como profissional de recursos humanos e coach, as pessoas geralmente me procuram reclamando da falta de tesão por suas profissões, da vontade de fazer coisas novas, de encontrar satisfação no trabalho. Muitas delas apontam as empresas como maiores culpadas pela falta de motivação. Tudo seria melhor se a empresa fizesse isto ou aquilo. Colocam a responsabilidade da motivação para fora de si.

Particularmente, acredito que a criatividade pode ser um combustível poderoso para uma vida profissional satisfatória. Sem criatividade, o trabalho, no qual passamos um terço do nosso dia, vira tarefa, fica chato, pesado. Deixa a sensação de faltar algo. Até mesmo os relacionamentos amorosos viram rotina quando deixam de ter aquela “criatividade” do início do namoro, porque com o trabalho seria diferente? Sem criatividade a vida é morna.

Mas não se culpe se você também está passando por este período “mimimi”. Talvez tenha chegado o momento de mudar o seu posicionamento e se perguntar: como exploro meu lado criativo no trabalho?

Um mês atrás palestrei para um grupo de jovens entre 17 e 19 anos e, já pensando na preparação deste artigo, perguntei a eles sobre satisfação em estudar e sobre as possibilidades de exercitar a criatividade na escola. Resposta geral: nenhuma satisfação e pouca criatividade. Minha curiosidade surgiu ao assistir a palestra do (Sir) Ken Robinson, no TED.com, sobre como as escolas matam a criatividade. Eu quis tirar a prova real, talvez por ter esperança de que o caso só ocorresse na Inglaterra, mas meu teste comprovou a tese do “Sir”. O fenômeno é global e vai desde o Reino Unido até Santa Rosa, no RS.

Se trouxermos a discussão para o mundo dos adultos, podemos perceber que também as empresas fazem parte deste sistema que pouco valoriza os processos criativos. É lógico, já que as empresas se utilizam da mão-de-obra preparada pelas escolas, de profissionais com o modelo mental que não prioriza a criatividade. Fomos criados em uma linha de produção para atendermos a uma linha de produção. Certamente você já assistiu The Wall e Tempos Modernos.  Isto transforma o trabalho em tarefa, chato, pesado.

Entramos num circulo vicioso da não criatividade, onde todos se acomodam e adormecem nos lençóis da mediocridade. O pior é que nem percebemos. Quando crescemos, nos tornamos adultos com medo de errar e conduzimos as empresas assim, criticando os erros e não permitindo a inovação.

E o que a criatividade tem a ver com motivação no trabalho, você deve estar se perguntando. A criação vem da experiência, das trocas, de vivências. Quando nossos sentidos estão aguçados e nosso coração e mente andam em sintonia, a sensação de criar algo é quase a mesma de quando estamos apaixonados. Sem criatividade somos robôs tarefeiros respondendo a comandos externos. Como seria se voltássemos a nos sentir crianças livres nestes momentos, sem medo de julgamentos ou críticas com nossas criações?

O convite que faço é para que você busque formas de assumir o protagonismo da sua vida e reflita sobre as oportunidades que surgem quando você se posiciona como um agente de criatividade no seu trabalho. Em tempos de protestos por tudo e qualquer coisa, proteste por um movimento interno que estimule a criatividade. Rebele-se contra o sistema e acabe com o mimimi. A mudança começa por você.

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