Amores imperfeitos (versão 2018)

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Por Arno Duarte

Éramos dois. Ela, uma mulher gata, madura, segura de si, teimosa, mas carinhosa. Eu, um cara normal, bonito talvez, inseguro, cheio de manias, mas com boas intenções. Um amor imperfeito.

E mesmo não sendo perfeito, escolhemos ser pai e mãe do Cadu e da Vitória, pois pais e mães foram feitos para errar, para serem ultrapassados, para ficarem com vergonha deles na entrada da escola.

Não contentes, queremos mudar a ordem natural das coisas, fazer tudo correto, ter a resposta certa, atender no prazo, superar as expectativas, correr contra o relógio, ser o melhor pai e mãe do mundo e ainda continuar os mesmos namorados de antigamente. Mas nada será como antes.

Quando já não somos só dois, nem só três, a vida de amantes precisa ser reaprendida: os dias, as noites, as madrugadas, o trabalho, as folgas, as férias. Tem sempre um ponto de interrogação na frase. Às vezes umas três exclamações, mas nunca um ponto final (trocamos por ponto e vírgula).

As contas aumentam, as horas de sono diminuem, e a correria para médico, escola, tema, mamadeira, fralda, futsal, mochila, merenda, soninho, almoço, janta, lanchinho e atenção 24×7 consomem as baterias da gente.

Os pequenos sonhos de onze e um ano e meio nos desafiam a lembrar de viver sempre no amor – talvez não mais tão romântico como o de antigamente -, mas num amor novo, de discussões, de parceria, de pegar junto, de descansar juntos, de chorar e sorrir da loucura que a vida a dois, três e quatro se transformou.

Nosso amor imperfeito segue evoluindo, conscientes de que a única certeza é que o amanhã sempre chegará cheio de novidades, e que para permanecermos nos amando vamos precisar nos transformar todos os dias, aceitando nossos defeitos e limites, sendo apenas humanos.

Somos e sempre seremos nós mesmos.
Apaixonadamente imperfeitos.


O texto original “Amores imperfeitos” é de 22 de março de 2016 e precisou ser atualizado em função das novas aventuras do casal 😉

ARNO DUARTE, além de papai presente, é coach, consultor organizacional e empreendedor de negócios sociais. Adora o que faz, mas não deixa de se aventurar em peças de teatro, videoclipes, música, fotografia, meditação ou em qualquer coisa que estimule expressão e criatividade. Acredita que o sentido da vida é amar e se divide entre projetos pessoais e profissionais buscando a felicidade autêntica nas 30 horas do seu dia.

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